Hoje em dia não faltam opções de dietas, com objetivos e restrições cada vez mais distintas. Há aquelas que focam no emagrecimento rápido, outras que valorizam apenas a perda de massa gorda e até algumas que prometem melhorar a performance em treinos e atividades físicas.

A moda da vez é a dieta do jejum intermitente. Você já ouviu falar dessa tendência? Conheça mais sobre a prática e os riscos que ela esconde.

Com a promessa de acelerar o metabolismo, fazendo com o corpo queime gordura como reserva de energia, a dieta exige que, em intervalos de tempos pré-estabelecidos, que variam de 12 a até 36 horas, a pessoa não ingira nenhum tipo de alimento. Já com a comida liberada, as restrições são poucas porque, segundo os adeptos, o mais importante não é o quê, mas quando você come.

Os riscos do jejum

Segundo a nutricionista Cynthia Antonaccio, da consultoria Equilibrium, um dos principais riscos dessa estratégia está em desconsiderar os aspectos e cognitivos do ser humano. “Para alguns esta parece ser a alternativa dos sonhos: emagrecer rápido e com ‘pouco esforço’. O problema é que muitas pessoas não comem somente quando sentem fome. Comem por ansiedade, transferência de sentimentos, culpa. Por isso, no momento em que jejuam podem ativar esses mecanismos emocionais e o resultado pode ser uma retomada ainda mais desequilibrada, sinalizada por uma vontade de comer mais acentuada”, explica.

Uma prática tão restritiva pode levar a resultados opostos ao desejado: exagero, “efeito compensação”, e até delírios, pensamentos obsessivos e sonhos. “Não podemos esquecer que a glicose é o combustível do cérebro, a principal fonte de energia para os músculos e os tecidos, necessária para todas as funções do corpo”, comenta a nutricionista.

Por essa razão, aspectos como concentração, humor e rendimento físico podem ser diretamente afetados com a restrição. Quem pratica esportes, por exemplo, não deve ficar períodos muito longos sem se alimentar, com riscos de ter hipoglicemia. A prática é especialmente perigosa para crianças, adolescentes, idosos, diabéticos e gestantes.
Apesar de funcionar com algumas pessoas, o jejum não implica em melhoria de saúde, enfatiza a especialista. “Estudos que sugerem benefícios como longevidade a partir da autofagia (limpeza e ‘reciclagem’ das células) ainda são discutíveis, principalmente porque têm sido estudados apenas em animais”, completa.

“Fechar a boca” é a melhor solução?

“Temos que entender que não há mágica, nem solução imediata. Devemos comer bem, de forma consciente, sempre que sentirmos vontade. Algumas dietas estabelecem um efeito rebote: a restrição leva à frustração e a frustração acaba em culpa. As pessoas não conseguem manter essa rotina desgastante e acabam engordando novamente. É um ciclo de perda e ganho sem fim”, esclarece Cynthia.

Ou seja, a saída continua sendo a boa velha reeducação alimentar!