O glúten parece ser o vilão da vez. Não é difícil encontrar por aí adeptos de uma dieta que o exclui. Mas, afinal, qual é a definição de glúten e de onde vem a sua má fama? Há razão para cortar o seu consumo?

“O glúten é uma proteína presente em cereais, como o trigo, a aveia, a cevada e o centeio”, explica a nutricionista Paula Crook. É essa proteína que garante a elasticidade e a estabilidade de pães, tortas e bolos, por exemplo.

Diferentemente do que diz o senso comum, o glúten não faz mal a todas as pessoas. “Não há nenhum estudo cientifico que comprove que indivíduos saudáveis devam restringir o consumo de alimentos com glúten”, informa Paula. O que provoca confusão é que a proteína está presente em alimentos mais calóricos e uma dieta que os exclui pode contribuir para a perda de peso. “A maior parte dos alimentos com glúten são, geralmente, feitos com farinha de trigo branca (pizza, pães, biscoitos, bolos), que apresentam um alto índice glicêmico e podem levar ao ganho de peso, além de favorecer o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, como a diabetes e a obesidade”. O segredo não é simplesmente evitar o glúten, mas preferir alimentos integrais em vez daqueles preparados com farinha de trigo branca.

O que poucos sabem é que cortar o glúten pode custar caro – literalmente. Se a sua intenção é reduzir o peso corporal, a dica é realizar uma reeducação alimentar, não eliminando, mas sim diminuindo a ingestão de alimentos mais energéticos e fazendo escolhas mais saudáveis. Como?

Varie os carboidratos: tenha em sua alimentação diversas fontes de carboidratos, como os tubérculos (batata, mandioca, cará, batata doce), quinua real, milho, amaranto, trigo integral e aveia.

“Não deixe de lado as fontes energéticas. Elas são essenciais para manter a saúde e o equilíbrio do organismo. Podem até auxiliar na perda e manutenção de um peso saudável”, recomenda a nutricionista.

Aumente a ingestão de outros grupos: preste atenção se você também consome cereais integrais, frutas, legumes, verduras e proteínas magras. Assim, você evita apoiar sua alimentação excessivamente nos carboidratos.

Beba água e fracione suas refeições: esquecer esses tópicos pode ser um dos maiores erros dos indivíduos que querem manter o peso saudável, afirma Paula.

Doença celíaca e sensibilidade ao glúten

Estes são os casos em que a exclusão e a redução do consumo do glúten são especificamente recomendados:

A sensibilidade ao glúten é uma resposta não imediata do organismo, ou seja, a pessoa exposta ao glúten desenvolve algum distúrbio em longo prazo, cronicamente. Estes são inflamações sistêmicas, doenças autoimunes (tireoidite de hashimoto, diabetes tipo I, hepatite autoimune), dores de cabeça, abdominais e até fadiga crônica. Nestes casos, excluir temporariamente o glúten da dieta diminui esses sintomas. Depois, é possível até mesmo que a pessoa volte a tolerar a proteína mal digerida.

Já a doença celíaca é uma reação imunológica ao glúten. Partículas dessa proteína, como a gliadina, presente no trigo, não são digeridas corretamente pelo corpo. Elas atravessam as paredes do intestino e causam uma grave inflamação. A doença é incurável e solução é a exclusão do glúten da dieta.

A nutricionista alerta: o glúten só deve retirado em casos clínicos estudados e acompanhados por médicos e nutricionistas. Ainda não há estudos epidemiológicos que mostrem o número de indivíduos que podem ter sensibilidade ao glúten.


Dica: se você não se enquadra nesses casos sensíveis, pode consumir o glúten normalmente e de forma saborosa e saudável. Quer um exemplo? Clique aqui para aprender a preparar tabule.

 

Fontes consultadas:
Paula Crook, nutricionista da Patrícia Bertolucci Consultoria em Nutrição
Glúten contém informação