Há um consenso de que alimentação balanceada e exercícios físicos são a fórmula para o emagrecimento saudável. Algumas pessoas, porém, garantem que mesmo fechando a boca e praticando várias atividades não conseguem perder peso. Por que isso acontece?

“Uma dieta planejada, que crie déficit de 500 a 1000 Kcal, pode resultar em uma diminuição de 0,5kg a 1 kg por semana. Já a prática de exercício físico promove o aumento do músculo e redução da gordura, o que pode causar uma “falsa impressão” na hora da pesagem, nos deixando a sensação de que não se está emagrecendo”, explica a nutricionista Carla Pelliciari. “Um profissional pode facilmente elucidar essa questão realizando exames de antropometria (peso, circunferência, dobras cutâneas) e bioimpedância para ser verificar o percentual de gordura e músculo do organismo”, completa.

Se no prazo de seis meses o paciente que foi submetido à dieta hipocalórica com aumento da atividade física não apresentar uma perda na massa corporal ou resultados clinicamente significativos, deve ser encaminhado a um especialista para avaliação. “Cada caso é um caso”, reforça a profissional.

Entre os fatores que podem dificultar o alcance do peso ideal, está a alimentação não balanceada. Eficaz em curto prazo, a dieta restritiva causa deficiências nutricionais que comprometem os objetivos de aumento de massa magra e redução de gordura, resultando em baixa imunidade, comprometimento da saúde e prorrogação do processo de emagrecimento. Dietas ricas em carboidratos também podem ser vilãs nesse processo. Com exceção de atletas que necessitam de um grande aporte calórico, o excesso de carboidrato poderá ser revertido em gordura, pois tudo que o organismo não usa é depositado como reserva em lugares bem conhecidos, como abdômen, glúteos e coxas.

A genética associada ao estilo de vida é outra questão que determinará o quanto de gordura teremos, onde iremos depositar e como iremos gastá-la. Afinal, até gêmeos podem ter composições corpóreas diferentes, dependendo da sua rotina. Por fim, há ainda um velho hábito que, ocasionalmente, nos faz perder o foco: a autossabotagem. Comer mais do que o necessário, descontar frustrações na comida ou achar que “um docinho apenas não faz mal” podem acabar com toda a estratégia estabelecida.

Força, foco e fora gorduras!

Na luta contra o sobrepeso, quem pratica mais exercícios sai – realmente – na frente. “Quando o músculo aumenta de tamanho (hipertrofia), ele consome mais energia (calorias). O cálculo de calorias na forma de proteína, carboidrato e gordura é feito de acordo com o metabolismo basal, idade, altura, sexo e o tipo e duração da atividade física”, afirma Carla.

Quando o treinamento é de 3 a 5 vezes na semana e o exercício é muito extenuante, com mais de 1 hora, é indicado agregar algum tipo de carboidrato durante o treino na forma de bebida, além do pré e pós treino. Se a atividade é feita de maneira moderada – em torno de 1 hora, de 2 a 3 vezes na semana – o acréscimo de um pré e pós treino já é suficiente. “Existe uma regra de ouro que é a hidratação. Recomendamos levar sempre uma garrafinha para ser reabastecida de água, pois a falta de água durante o treino reduz a performance causando um desgaste precoce e abandono da atividade”, complementa a nutricionista.

Aumentar o gasto energético também faz com que os depósitos de gordura estocados no organismo sejam usados como fonte de energia, promovendo, assim, o emagrecimento. E mesmo quem não precisa perder peso, investir na rotina de exercícios físicos contribui para o bom funcionamento dos órgãos – principalmente o coração – diminui o estresse e, além disso, aumenta a autoestima e o bom humor.

Mas se você tem preguiça de se movimentar porque acha que todos os treinos são iguais, está muito enganado! Além de estimular a curiosidade e a diversão, variar o menu de exercícios traz benefícios na queima de gordura subcutânea e visceral (aquela localizada na linha horizontal do umbigo). Portanto, a associação de atividades de força (musculação) com resistência (corrida, bicicleta, etc.) garante um emagrecimento efetivo e em longo prazo, com a manutenção do peso reduzido.

Seu corpo tem aproximadamente 650 músculos – e quantos você estimula por dia?

Fonte: Nutricionista Carla Pelliciari e Diretrizes Brasileiras de Obesidade – 2016